quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Coreto, ontem e hoje

Paraibuna
por Célio de Abreu


Quando foi construída a Igreja de Santo Antônio, a qual conhecemos hoje isto é, em 1886, não havia nada em frente, havia apenas um imenso terreiro, o qual era popularmente conhecido como ‘pátio’, denominação que até hoje ainda se usa para designar os pátios das escolas.


Foi somente na primeira metade do século XX, no ano de 1927, que o então prefeito municipal, o senhor Joaquim Lopes Chaves de Alvarenga construiu a praça com jardim e coreto.

A praça da Matriz calçada, iluminada e com coreto para apresentações musicais, passou a servir como local preferido para os encontros sociais e familiares.

Sabemos que no século XIX estes encontros sociais na zona urbana se restringiam há poucos dias por ano, batizados, casamentos, procissões. A praça passou ainda a receber vários bancos de madeira e jardins gramados e adornados com flôres.


O coreto servia principalmente para as apresentações das Corporações Musicais, as famosas ‘bandas’, como eram carinhosamente conhecidas.

Os comícios eleitorais também se realizavam deste coreto, bem como apresentações de músicos de outras localidades.



O projeto original de 1927 perdurou por alguns anos, não sabe ao certo, mas com o passar do tempo, as próximas administrações municipais foram fazendo novas modificações até a completa descaracterização em meados da década de 1970.

Foi somente em 1989 que novamente passou por outra reforma com o objetivo de trazer as características originais de volta a velha praça.

Houve no entanto quem desaprovasse alguns itens desta reforma, questionando-se a não similaridade com o projeto original de 1927. As muretas que emolduravam o gramado e o coreto eram bem mais altos a que encontramos hoje.

As luminárias com globo de vidro branco redondo, também originais de época, foram subtraídas e mesmo os postes de ferro fundido também foram sendo substituídos.

As lixeiras que encontramos hoje na praça não eram necessárias antigamente, já que os moradores não tinham o hábito de jogar lixo no chão.

Os bancos de madeira da época da inauguração eram diferentes dos que encontramos hoje, pois eram compostos com uma tábua para encosto e duas tábuas para assento.



A cobertura original do coreto era de telhas de barro cozido, ao contrário das folhas de zinco e a jardinagem procurava exibir floreiras coloridas, pequenos arbustos e folhagens, ao contrário das altas árvores a qual encontramos hoje.

Não sabemos as cores escolhidas na época da inauguração e não encontramos até o momento, registro oral capaz de assegurar a informação correta, mas tudo nos leva a crer que fossem brancas.


Independentemente das características originais terem desaparecido quase que por completo, ainda sim o coreto na praça da Matriz guarda muitos aspectos importantes para a revitalização da memória da população paraibunense.

Enfim, embora tenha sofrido várias descaracterizações arquitetônicas nestes mais de oitenta anos, a praça da Matriz ainda hoje serve como principal ponto de referência para encontros sociais, artísticos, políticos e religiosos da cidade de Paraibuna.

.

Fotos: Coleção Walter Santos (disponíveis para cópia na Fundação Benedicto Siqueira e Silva)

. Paraibuna

Nenhum comentário: