Percurso curto, 6km870m
Percurso longo, 13km600m
Para saber mais:
http://corridasdemontanha.com.br/site/?p=5521
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Paraibuna, rios acima, rio Paraitinga, rio Paraibuna, 13 de junho de 1666, história, Estado de São Paulo, Brasil, cultura de café, cultura de cana, pecuária bovina, martim pescador, Império, represa, usina hidrelétrica, energia elétrica, nós que aqui estamos por vós esperamos, corrida de montanha
Este grande e bem montado armazém pertencia a Agostinho Peres da Silva e estava localizado a rua Coronel Martins, ou rua de baixo, como era também conhecida.
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Ele era filho de Emígdio Peres da Silva, italiano de nascimento, conhecido na cidade por suas qualidades intelectuais e sua mãe chamava-se Rosária e tinha mais 5 irmãos; José ( Juca Peres) que trabalhava no armazém, Emígdio, Celebrino, Benedicta e Rosa.
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Sua mãe Rosária era filha da Nhá Tude ( Gertrudes) irmã do Dominguinho folheiro antigo morador da rua Dr. Oscar Thompson e tinha dentre outros filhos, o João ‘Canequinha’ também falecido, que residiu por muitos anos na rua Humaitá.
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O armazém estava localizado numa esquina do beco da prefeitura e tinha uma escada de pedra que descia até o rio e era utilizado por pescadores e moradores das imediações que ali descartavam os mais diferentes inservíveis.
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As lavadeiras procuravam outro beco rio acima, onde havia pedras na margem esquerda do rio.
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Em frente, do outro lado da rua, ficava a casa das irmãs Eliza e Inês que eram costureiras e emprestavam a casa para as irmãs do Instituto Santo Antônio para ensino preparatório de primeira comunhão.
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Em geral os armazéns de secos e molhados comercializavam quase os mesmos produtos e os moradores costumavam comprar nas vendas de costume, ficando fregueses á estes armazéns a vida inteira, pagando por mês ou por ano.
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Nestas ‘Vendas’ encontrava-se tudo que uma família necessitava.
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Os derivados da cana de açúcar, derivados do milho e da mandioca, tabaco, peixe salgado, feijão a granel, queijo e manteiga, aguardente, amendoim, ferramentas para lavoura, anzóis para pesca, chumbo e pólvora para caça, querosene para iluminação, panelas de ferro, carne seca e sal grosso para moer em casa.
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A fotografia é provavelmente do ano de 1929, pois encontramos um anúncio deste estabelecimento no jornal “O Parahybuna” em sua edição do mês de maio ressaltando a qualidade de seus produtos, o preço baixo e o número do telefone 12.
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Cremos que neste final dos anos 20 haviam poucas residências atendidas pelo serviço telefônico e não conseguimos imaginar qual a funcionalidade de se pintar o número do telefone na fachada do prédio.
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O tráfego aumentou muito com o passar dos anos, pois a rua Cel. Martins servia de estrada para o litoral e no início de 1960 a administração municipal não teve outra alternativa a não ser demolir os prédios que tinham fundos para o rio Paraibuna afim de alargar a via.
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E este velho armazém, assim com muitos outros estabelecimentos comerciais e residências foram desapropriadas e demolidos para a abertura da avenida Beira Rio.
Nesta fotografia o que mais nos chama atenção é o calçamento da rua feito com o sistema de pedras macadamizadas, que em Minas Gerais são chamadas de ruas capistranas.
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Este sistema de calçamento servia para prover segurança aos pedestres, aos bois de carro e as tropas de burros, utilizadas principalmente em locais com declividade.
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O calçamento, seguramente foi posto em prática pela Câmara Municipal por ordem de seu presidente, ao intendente municipal que, depois da proclamação da República passou a ser o prefeito, chefe do poder Executivo.
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O sistema consistia em encaixar pedras previamente aparadas de forma que pudessem proporcionar segurança e não desencaixassem uma das outras, usando-se para isso, uma ferramenta chamada escopro.
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Outra finalidade era evitar a erosão da via pública e para drenar as águas da chuva, era habilmente sulcadas no meio da rua extensas valetas, mas causava acidentes e muitos escorregões nos tempos de chuva e aos poucos as pedras foram sendo retiradas e substituídas por paralelepípedos melhor aparados.
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A procissão nos parece que leva o andor de São Benedito por negros desta Irmandade e atrás Nossa Senhora das Dores, e é perfeitamente visível a importância da data observando-se os trajes usados pela elite agrícola local.
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Nesta casa a esquerda residiu por muito tempo o português Capitão Arthur Cândido Alpoin, e esta residência serviu de Cartório nas duas primeiras décadas do século XX, onde ele era o primeiro tabelião.
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O segundo tabelião, o Sr. José Elias Cantinho, o escrivão do jury e registro de hipotecas o Sr. Trajano de Faria e o escrivão de Paz, o Sr. Aurélio da Silva Santos que estavam próximos no momento da traumática venda da fazenda do Porto para um fazendeiro de Paraisópolis, Minas Gerais.
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A história oral nos conta que quando o preço da arroba do café desceu a seu nível mais baixo no mercado internacional, para tristeza dos prósperos cafeicultores paraibunenses, não havia mais quem fizesse frente à venda daquela fazenda e pudesse fazer uma contra oferta aos RS. 70:000,000 réis.
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Esta transação trouxe muita discórdia entre mineiros e paraibunenses, o café caia de preço, era chegada a hora do leite, que começava sua longa marcha pelas terras férteis de Paraibuna.
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Os casarões e solares da zona urbana vão sendo demolidos, bem como as sedes das centenárias fazendas de café vão desmontadas para utilização do medeirame, onde tinha um casarão agora virou mangueiro, casa de colono, barracão de ferramentas, casa para os membros da família.
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Cortaram os pés de café e nos vales e morros férteis, tomou conta a braquiaria e o gado de leite.
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Á direita, um portão que teria sido tenda de ferreiro para atender tropeiros, cavaleiros e carreiros de boi, estabelecido estrategicamente a margem da estrada que seguia para o litoral.
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Na foto observamos o registro 14 de novembro de 1894 e o fotógrafo estava na sacada da casa do Coronel Francisco Ferreira Martins, que dá nome à rua de baixo e que serviu depois como Hotel, armazém e residência do Sr. João da Matta nos anos de 1940/1950.
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Em maio de 2011 fotografei a "rua do meio" praticamente da mesma posição e ângulo:
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Durante o trabalho de limpeza do terreno do bota-fora 12, em Paraibuna (SP), a equipe do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau) encontrou um sítio arqueológico extenso. As peças são de origem atribuída aos índios tupis, provavelmente datadas entre os séculos XIII e XVI. A descoberta foi feita no início do mês de fevereiro e o trabalho de resgate deve se estender por 90 dias.
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O Professor José Luiz de Morais, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE/USP), instituição que desenvolve o Programa de Prospecção Arqueológica no Gastau, afirma que o sítio é denso e, aparentemente, muito importante. De acordo com o professor, as peças pertenciam a povos agricultores pré-coloniais do sistema regional de povoamento Tupi. Ele conta que sítios com esta densidade são bastante raros, porém a expectativa é de que, na região, ainda sejam descobertos novos sítios, já que essa é uma característica da Bacia do Rio Paraíba do Sul.
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No local foram encontrados fragmentos de cerâmica (argila moldada em forma de vasilhas e queimadas para adquirir consistência) e objetos de pedra lascada e polida, além de um fragmento de lâmina de machado polida.
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A partir de agora o trabalho consiste na escavação e resgate de materiais. A expectativa é encontrar núcleos de solo antropogênico que correspondem ao local das casas da aldeia e possivelmente outros fragmentos. Existe a possibilidade de montagem de vasilhas e outras peças. O sítio será resgatado nos termos do projeto aprovado pelo Instituto Patrimonial Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e os materiais serão analisados no laboratório do MAE/USP. Paralelamente, acontecerão atividades de Educação Patrimonial voltadas ao estudo e trabalho da obra. Ao final dos trabalhos, será organizada uma coleção expográfica (coleção de materiais que pode ser usada em exposições), a ser oferecida à Prefeitura de Paraibuna para exposições e atividades didáticas.
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Fotos: Bruno Kelly
Notícia publicada por Marco Antônio Pessoa Veloso de Almeida em 23 de março de 2009, na Sala de Notícias, órgão de divulgação da Engenharia da Petrobrás. Reprodução autorizada pela AGCOM.
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José Saramago, em seu romance As Intermitências da Morte, apresenta esta magoada com a injustiça humana a seu respeito e que, se ausentando, acaba por criar situações insólitas mas, ainda assim, divertidas.
Em certo momento os moribundos, impedidos de alcançar o descanso eterno, organizam uma passeata de protesto onde, à frente, carregam uma faixa enorme com os dizeres "Nós que tristes aqui vamos, a vós todos felizes esperamos".
A frase, embora parecida com aquela do pórtico do cemitério de Paraibuna - "NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS", tem sentido diverso.
No texto de Saramago, a palavra "Nós" se refere aos moribundos, tristes já por não poderem descansar, e a palavra "vós" se refere à morte, a quem todos esperam, e felizes estariam com sua chegada.
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Foto: autor desconhecido
No meu tempo de escola, ao acabar o primário, tínhamos que prestar um exame para entrar no ginásio. O primário tinha quatro séries e o ginásio outras quatro.
Enquanto cursava o quarto ano, muitos colegas faziam um cursinho por causa deste exame e eu queria também. Mas mamãe achou que eu não faria direito nem uma coisa nem outra. No final do ano, gente mais atrasada do que eu entrou no ginásio! Indignada, me inscrevi para a segunda época – isto é, outro exame em fevereiro. Tive aulas particulares de matemática e português, estudei durante as férias inteiras.
Chegado o grande dia, fui nervosa para a escola. Antes de entrar na sala, olhei a lista dos candidatos e nela constava um Índio Tupinambá Americano do Brasil. Achei estranho. Fiquei observando todos os meninos, mas não vi nenhum índio por ali. Imaginei um garoto vestido de tanga, com a cara pintada...
Primeiro, tivemos que fazer uma pequena redação. Depois, descabelei-me com os problemas de Matemática. Com mais segurança, fui respondendo as perguntas sobre História do Brasil e Geografia. Um pouco antes de terminar, porém, empaquei na última questão: “Escreva tudo o que sabe sobre o rio Paraíba”.
Pensei, pensei e de nada me lembrei. Que coisa horrível essa Geografia! Deixei a resposta em branco.
Acabei sendo aprovada, mas quase levei uma surra de mamãe. Como é que não me lembrava daquele rio? Por acaso tinha me esquecido dos piqueniques que fazíamos às suas margens, naquela prainha tão gostosa? E de tudo o que ela repetia toda santa vez que por ali passávamos?...
... Que o rio era formado ali perto por dois outros - o Paraitinga, que vinha lá de São Luiz, e o Paraibuna, o mesmo nome daquela cidade do cemitério onde os defuntos por nós esperavam?... Aquele nome que a gente gostava de dizer “Para aí, buna!”, sugerindo outra coisa?...
...E que tornado Paraíba ele banhava toda a nossa região, o importante Vale do Paraíba? E que por sua causa víamos tantos arrozais por aqui?...
Para aí, menina. Presta atenção!
texto publicado em 15 de março de 2009 em http://www.usinadeletras.com.br/
Foto: Nelson Wisnik
publicado em 17 de setembro de 2007 em http://www.usinadeletras.com.br/
Foto: Nelson Wisnik
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Em 1998, inspirado no recado que emoldura a entrada do cemitério de Paraibuna, "NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS", Marcelo Masagão dirigiu o documentário de nome "Nós que aqui estamos por vós esperamos", no qual expõe os conflitos entre a esperança, a loucura, o desenvolvimento tecnológico, as duas grandes querras.
O filme traz imagens do século XX mas bem pode ter continuidade com imagens mais recentes de guerras persistentes, o risco advindo do aquecimento global, a derrocada da economia globalizada.
Em 1999 o filme foi premiado no Festival de Gramado (melhor montagem) e no Festival do Recife (melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem).
A ficha técnica do filme, os personagens e suas histórias, artigos e textos publicados a seu respeito, podem ser acessados ativando o link do filme em "Visite" na barra de menu deste blog.
Algumas partes do documentário podem ser assistidas ativando os ícones em "o documentário" no menu ao lado.
Foto: Nelson Wisnik Paraibuna
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O gráfico ilustra a incidência de chuvas na região de Paraibuna nos últimos dois anos.
No eixo horizontal, da esquerda para a direita está representada a cronologia dos eventos, iniciando em fevereiro de 2007. A última coluna à direita representa a incidência de chuvas no mês de fevereiro de 2009. O pequeno retângulo laranja quantifica a chuva do dia 28.
A altura de cada coluna, mensal, é proporcional à precipitação de chuvas observada em cada mês, medida em "mm" (milímetros). Cada milímetro de precipitação é equivalente a um litro de água de chuva por metro quadrado ao longo do mês.
A linha cinza com pontos em cada mês ilustra a precipitação medida em longos períodos, ou seja, a precipitação média esperada para cada mês, servindo de parâmetro de "normalidade". Pode-se observar que nos meses recentes de novembro e dezembro as chuvas foram acima da média de longo prazo.
A incidência de chuvas resulta diretamente no nível do reservatório da UHE Paraibuna e na sua capacidade de manter a produção de energia elétrica "firme".
Fonte: INPE
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A praça da Matriz calçada, iluminada e com coreto para apresentações musicais, passou a servir como local preferido para os encontros sociais e familiares.
Houve no entanto quem desaprovasse alguns itens desta reforma, questionando-se a não similaridade com o projeto original de 1927. As muretas que emolduravam o gramado e o coreto eram bem mais altos a que encontramos hoje.
As luminárias com globo de vidro branco redondo, também originais de época, foram subtraídas e mesmo os postes de ferro fundido também foram sendo substituídos.
As lixeiras que encontramos hoje na praça não eram necessárias antigamente, já que os moradores não tinham o hábito de jogar lixo no chão.
Os bancos de madeira da época da inauguração eram diferentes dos que encontramos hoje, pois eram compostos com uma tábua para encosto e duas tábuas para assento.
A cobertura original do coreto era de telhas de barro cozido, ao contrário das folhas de zinco e a jardinagem procurava exibir floreiras coloridas, pequenos arbustos e folhagens, ao contrário das altas árvores a qual encontramos hoje.
Não sabemos as cores escolhidas na época da inauguração e não encontramos até o momento, registro oral capaz de assegurar a informação correta, mas tudo nos leva a crer que fossem brancas. Independentemente das características originais terem desaparecido quase que por completo, ainda sim o coreto na praça da Matriz guarda muitos aspectos importantes para a revitalização da memória da população paraibunense.
Enfim, embora tenha sofrido várias descaracterizações arquitetônicas nestes mais de oitenta anos, a praça da Matriz ainda hoje serve como principal ponto de referência para encontros sociais, artísticos, políticos e religiosos da cidade de Paraibuna.
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Fotos: Coleção Walter Santos (disponíveis para cópia na Fundação Benedicto Siqueira e Silva)
. Paraibuna
Mapa:
http://www.cidadeaparecida.com.br/aparecida/municipio/cidade/mapavale.jpg.
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Há um dilema antigo a respeito da frase inscrita na portada do Cemitério Municipal de Paraibuna, onde se lê: "NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS".
Há mais de um século os moradores dão suas versões a respeito desta frase aparentemente tão simples de se interpretar. Cada qual tem sua versão e eu, particularmente, também tenho a minha própria, a qual exponho a seguir.
A questão, a meu ver, é saber a quem se refere o “NÓS” e a quem se refere o “VÓS".
Se observarmos que a frase inteira está escrita em letras maiúsculas então este “NÓS” pode se referir aos falecidos lá sepultados à espera dos que ainda estão vivos aqui fora.
Mas, pode ser que a frase originalmente tenha sido idealizada com a primeira letra da sentença em maiúscula e, por questões estéticas ou, por facilidade ou descuido no processo de fundição das letras, todas tenham sido gravadas em maiúsculas.
Sendo assim, o "Vós" (com o V maiúsculo) pode estar se referindo a Deus, e o nós, em minúscula, pode estar se referindo aos mortos que estão em seus jazigos à espera de serem julgados e, alcançando a salvação, possam, um dia, ascender aos céus.
Resumindo: A frase se refere a quem está dentro esperando pela morte dos que estão fora ou, quem está dentro está a espera da salvação Divina.
Esta é minha interpretação para esta intrigante frase que emoldura a entrada do cemitério de Paraibuna.
Foto: Nelson Wisnik
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